23 Apr 2010

livres...

Hoje comemora-se o Dia do Livro, esse companheiro inseparável das boas e más horas de sono e de vigília. A natureza é um livro aberto — dizia o sábio; no entanto, para o conseguir ler é preciso saber decifrar os seus sinais...

Para celebrar a data, alguns citações de cor:

Uma casa sem livros é como um corpo sem alma. (Cícero)

Quando tenho algum dinheiro, compro livros; depois, se sobrar, então compro comida e roupa. (Erasmo)

Uma existência com livros será sempre uma travessia menos solitária. (J. Pereira Coutinho)
[Imagem retirada aqui]

20 Apr 2010

longos dias...

O dia mais curto

Será o mais curto dos dias,
não terá vinte e quatro horas,
talvez dure
apenas uns minutos.

Será um arco-íris
terrível,
muitas cores explodindo
em cogumelos de nuvens,
muito fogo
muito vento
e por fim
nevoeiro
cinza fria.

--------Depois não haverá dia,
--------não haverá noite
--------não haverá tempo...
_________________________________________________
Este é o primeiro poema do livro de Jonas Negalha, intitulado O Dia Mais Curto, publicado em Guarulhos em 1972. É composto por 36 páginas datilografadas, contendo, as últimas nove, opiniões de escritores e intelectuais como Bertrand Russel, Fernando Namora, Reis Brasil e Sérgio Millet, só para citar quatro dos mais conhecidos.

Os poemas foram escritos entre 1965 e 1966 e já nessa altura o grande poeta-filósofo chamava a atenção para a problemática da poluição e dos maus tratos que o primata-mor («somos animais carnívoros a devorar os mais fracos») vem inflingindo à sua casa, em nome do progresso... sabe-se lá de quê!

[Os meus agradecimentos a D. Vera Lucia Janela, diretora da Divisão de Bibliotecas do Centro Cultural São Paulo, pela amabilidade que teve em transcrever o poema e, sobretudo, pelo envio deste magnífico livro que todos os governos do mundo deveriam ler, segundo a exortação de Roberta Goldstein]

14 Apr 2010

verdade?!

BAC(CH)O

vinho que embriaga
e alegra o coração
onde está a verdade?
_____________
vino que inebria
e allegra le corde
ubi es le veritate?
[Quadro de E. Burne-Jones]

12 Apr 2010

em roma sê... tu mesmo

A ROMA

In un recente sonio io esseva a Roma (capital de Italia; un million sex centos novanta-cinque milles quatro centos septanta-septe habitantes).
"Quando a Roma," io diceva a me, "Face como tu vide facer le romanos."
Io mangiava pizzas sed notava que illos non approfundava mi appreciation del arte.
"Il es necessari," io diceva a me, "modificar le proverbio. Essaya nos isto: Quando a Roma, face como tu vide facer le americanos."
Io masticava gumma. Masticar gumma es un processo sempiterne... Io notava que illo non approfundava mi appreciation del arte, e io exsputava mi gumma.
"Hupla. Excusa me, per favor. Excusa me," io diceva inclinante me profundemente ante le plus belle statua que io habeva unquam vidite.
"Non del toto. Culpa mie. Io non haberea debite penetrar vostre sonio," diceva le statua, effortiante se in van a essugar le gumma ex su oculo sinistre.
"O Roma," cantava io, sequente un inspiration subitanee. "O Roma, belle e grande centro del universo..."
"Gratias," diceva un voce. "Mille gratias. Vostre canto es plus dulce que vostre gumma. Sed io non es Roma, e Roma non es io."
"Non importa," diceva io. "Tu es belle e grande. Tu es le centro del universo, O Roma..."
"Io non es Roma, e Roma non es io," repeteva le voce. "Roma es in vostre sonio, insimul con pizza e gumma."
"Como pote Roma esser in mi sonio?" demandava io.
"Como pote Roma esser in mi sonio, si io in mi sonio es in Roma?"
"Pensa," diceva le voce.
Io pensava, e io diceva, "Forsan isto es un sonio intra un sonio in un sonio. Sed alora, per eveliar me ex un sonio io va eveliar me a in un sonio."
"Si," diceva le voce. "Sed pizza e gumma non se evelia. Illos remane real."

Leitura de Josu Lavin, deste e de outros contos de Gode, aqui.

[Alexander Gode, in Un dozena de breve contos, 1975, pp. 8-9]

9 Apr 2010

esfinge

A continuidade, ou seja, a unidade do humano com o animal e toda a restante natureza, portanto a do microcosmo com o macrocosmo, é expressa pela misteriosa e enigmática Esfinge, pelos centauros, por Artémis de Éfeso com diversas formas animais dispostas sob os seus inúmeros seios, tal como pelos corpos humanos egípcios com cabeças animais, e e pela Gawesa indiana, e, finalmente, pelos touros e leões de Nínive com cabeças humanas, que recordam o avatar como homem-leão.

[Arthur Schopenhauer, in Aforismos, 1998, p. 106-07]

5 Apr 2010

momentos de meditação

MOMENTO DE MEDITATION

In alicun strata
un infante face bullas de sapon;
con un sufflo nasce le globo transparente,
un sufflo del vento extingue lo in le aere.

Illo ha existite solo pauc secundas...
E io pensa in le vita sur le terra,
talmente ephemeric inter le eternitate del mundos:
heri le matino prehistoric,
deman un deserto como le luna...

[Jonas Negalha, in Le Naufragio, 1975, p. 5]

1 Apr 2010

flores p'ra poetas

clique acima para aumentar a imagem