Virá o dia em que os europeus falarão uma única língua? Levará a integração económica e política da Europa igualmente à integração linguística? A ideia de uma língua europeia não é assim tão recente, sendo mesmo mais antiga do que a ideia da CEE [União Europeia]; desde o séc. XVIII e, de modo particular, desde o séc. XIX que houve a tendência para a criação de uma linguagem europeia, embora limitada ao uso político, filosófico e cultural.
O próprio Leopardi escrevia em 1821: «há algum muito tempo que todas as línguas cultas da Europa possuem um grande número de vocábulos comuns, sobretudo em política e em filosofia. Já não falo de vocábulos que pertencem às ciências, onde quase toda a Europa está de acordo que eles têm vindo a formar uma espécie de mini-língua».
Respondendo aos puristas de então, implacavelmente contrários às novidades linguísticas, Leopardi previa já o processo de unificação lexical das línguas europeias ocidentais: «embora condenem e chamem bárbaros aos galicismos, isso não acontece com os europeísmos, uma vez que nunca foi bárbaro aquilo que foi próprio a todo o mundo civilizado como o uso destas palavras, que derivam dessa mesma civilização europeia».
Como se vê, Leopardi já explicava claramente o processo de europeização linguística, destinado a seguir a par e passo com a integração económica, política e cultural do nosso velho continente.
[Tradução de «Una lingua per l'Europa», de Giuseppe Pittàno, a partir da tradução de Karel Wilgenhof, «Un lingua pro Europa», incluída no verso da folha 71 das suas Notas Mixte.]
28 Jan 2010
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