12 Sept 2009

os seis benefícios da interlíngua

A interlíngua é o resultado do encontro de dois factores. O primeiro foi a formação do estrato linguístico da Europa moderna, caracterizado pela coexistência de várias dezenas de línguas autónomas, mas não completamente independentes, uma vez que nelas se encontra, por um lado, um vocabulário e, por outro lado, uma estrutura gramatical fundamental e essencialmente comum.
O segundo factor foi a aspiração de construir para a civilização moderna uma língua auxiliar neutra que poderia desempenhar o mesmo papel do latim durante a civilização medieval.
Após [vários] anos de estudo concluiu-se que a língua neutra auxiliar mais ideal seria um idioma composto por um vocabulário latino prototípico com uma gramática moderna.
Quais são os traços vantajosos deste latim moderno que o distingue das outras línguas construídas?

1) O estudo da interlíngua ajuda a melhor conhecer a língua materna
Talvez pareça estranho nós considerarmos este benefício da interlíngua como [sendo] o primeiro; no entanto, ele é de grande importância. Na nossa língua materna existem muitas palavras interlinguísticas. Aprendendo interlíngua, aprendemos ao mesmo tempo o seu sentido preciso, as suas origens, o seu lugar no vocabulário e o seu uso correcto. Em muitas línguas há «carradas» de palavras estrangeiras. O estudo da interlíngua, a um nível mais elevado, substitui-as eficazmente.
[conhece-te a ti mesmo e compreenderás melhor interlingua e os outros.]

2) A interlíngua é um excelente instrumento para aprender/estudar outras línguas
Sabemos bem que aprender uma segunda língua estrangeira é mais fácil do que a primeira; e também sabemos que apenas as primeiras cinco ou seis línguas são difíceis. As outras, já vêm naturalmente. Qual a causa deste fenómeno? A primeira dificuldade, e talvez a maior, do estudo de línguas reside em que, ao começarmos os nossos estudos, identificamos a noção de língua com a nossa língua materna. É preciso tempo para descobrir que a nossa língua materna e a [língua] estrangeira têm, tanto traços comuns como traços completamente diferentes. Ao estudar-se a segunda língua estrangeira já se usa as experiências adquiridas durante o estudo da primeira, e quanto mais línguas conhecermos, tanto mais fácil é separar o particular do geral, que reduz grandemente o número de particularidades de uma língua nova que se quer aprender. Pode perguntar-se: «porquê estudar interlíngua? É mais útil consagrar o tempo e a energia ao estudo de uma língua nacional». No entanto, a experiência demonstra que se um grupo de pessoas estudar uma língua nacional durante dois anos e um segundo grupo estudar interlíngua durante um ano e no ano seguinte uma língua nacional, os membros do segundo grupo terão um conhecimento mais profundo da língua que estudaram no segundo ano. (Naturalmente, supõe-se que os membros de ambos os grupos tenham dispendido o mesmo tempo e energia aos seus estudos). Há um factor psicológico importante que influencia no sucesso do segundo grupo: os seus membros cedo se apercebem dos resultados dos seus esforços, o que facilita os estudos posteriores. E quando começam a estudar uma língua nacional, eles mover-se-ão num terreno bastante familiar e não sentirão os fracassos de pessoas sem a vantagem de haverem estudado uma língua planificada mais simples antes de se atacarem ao estudo de uma língua nacional complexa.
[língua chamada latim escrito pelos vates que se inspiraram na lenda homérica para dar o crisol mítico do génio de camões. ... sabias que no alfabeto grego a terceira letra não era um «c»? é a outra tónica que passa para a sonora /g/. assim temos o traço distintivo entre crato e grato ou entre «callo e gallo» ou entre «came and game»...]

3) A interlíngua é uma chave para as línguas românicas – mesmo para o inglês
A interlíngua, como uma língua latina, é parecida com as línguas românicas (neo-latinas). Isto quer dizer que quem sabe interlíngua, pode ser capaz de ler textos em outras línguas românicas com um mínimo de esforço, e também, no caso de textos científicos, em inglês.
[anglia distingue (por vezes) «maze» de «labirinto» como nós e eles de dédalo herdamos o vocabulário culto, só para a escrita e conversas de ocasião, espalhado pelas sete partidas da aventura no labirinto do mundo que desabou em babilónia. sabias no que tempo da tua trisavó, pharmácia podia escrever-se com «ph», como em inglês?]

4) A interlíngua aproxima do latim
É desnecessário acentuar o que a herança latina significa para toda a nossa cultura. No entanto, sabemos que por causa das muitas coisas que se devem aprender para se funcionar no mundo contemporâneo, científico e tecnológico, o ensino do latim vai regredindo cada vez mais. Muitas pessoas deploram este estado, mas sem esperança, sendo certo que só estudantes especializados irão estudar o latim clássico no futuro. Como a interlíngua é o sucessor directo do latim, daí o seu conhecimento, em certa medida – e talvez justamente nas relações mais importantes – poder preencher o vazio criado pela falta do estudo universal do latim. E para aqueles que querem estudar latim, o conhecimento de interlíngua é uma óptima preparação.
[o latim na zona romanófona é fonte de bastante vocabulário (integral) que contribui para o interlinguês (interlinguajar). só falta estabelecer algumas regras de gramática e mais gente poderá entrar nos anéis da torre. paulatinamente havemos de chegar a atravessar a ponte cuidando dos que dormem o sono dos justos à sombra de um pilastra gravada com as 26 letras nos corredores de babel.]

5) A interlíngua ajuda a encontrar o lugar no mundo
É um lugar-comum dizer-se que todos nós pertencemos a duas grandes colectividades. Por um lado, somos humanos, membros da humanidade; por outro lado, somos membros de uma nação. No entanto, pensar na polaridade humanidade-nação é um modo muito simplificado de ver a realidade. Entre a humanidade e a nação existe uma terceira colectividade, pelo menos tão importante como as primeiras: a cultura civilizacional do Ocidente. Naturalmente que a cultura é algo multíplice. Não obstante, há ainda um aspecto linguístico. A interlíngua é uma derivação das línguas que trouxeram à civilização ocidental as suas ideias mais importantes e, portanto, fornece uma poderosíssima demonstração da sua unidade estrutural.
[o nosso lugar encontra-se no hic et nunc. as palavras «pelegrino» e «peregrino» fazem ambas parte da aprendizagem da criança até conseguir aperceber-se da mutação do «l» primordial (lambda) no «r» da qual poderá escolher, durante a aprendizagem, os vários sons distintivos primeiro, temos que falar a mesma linguagem e depois então podemos entender-nos le un le altere. a ia e outras criações sérias formam pequenos grupos com a patente do pensamento dos pais das línguas planificadas do volapuk a ia e de zammenhof a gode. a magia da língua franca, universal: não ser rotulada com esta ou aquela nação respeitável.]

6) A interlíngua pode ser usada beneficamente como língua de ligação supra-nacional
Sabemos que o objectivo primário da redacção da interlíngua era a produção de uma língua auxiliar internacional. E examinando a interlíngua como uma língua possível, uma ponte internacional, pode constatar-se que, comparada a outras suas congéneres, ela possui uma grande vantagem [sobre elas]: para a compreender, há um enorme grupo de humanos que não precisa de qualquer estudo [previe]. Isso resulta da estrutura muito simples da interlíngua e, aqueles que conhecem duas das suas línguas-fonte fundamentais compreendem automaticamente muitos textos [scripte] em interlíngua. Mas mesmo que uma pessoa saiba apenas uma língua românica – particularmente se for a sua língua materna – e possuir um pouco de inteligência ou fantasia linguística, então muito facilmente compreenderá interlíngua na sua forma escrita. Pelo contrário, uma pessoa que conheça passivamente duas línguas-fonte, mas incapaz de as usar activamente, pode chegar muito fácil e rapidamente ao uso activo de interlíngua. Há muitos que já quiseram enterrar a Europa; todavia, há muitos outros, como nós, que crêem que ela ainda tem um futuro. Mas uma Europa florescente não poderá viver sob as suas presentes condições labirínticas [babelic]. É preciso uma língua de ligação. E o que poderá estar mais apto para esse papel do que a interlíngua?
[a comunicação inter omnes é o verbo feito palavra antes de existir babel. se queremos passar barreiras, temos que correr em direção certa, percorrer o labirinto da pátria... sem fronteiras.]
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[Tradução livre da adaptação (com comentários avulso) de um artigo do professor húngaro Ferenc Jeszensky, publicado em Lingua e vita, No. 89, januario-april, 1997, e No. 90, maio-augusto, 1997)]

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