3 Feb 2010

as 5 famosas teses

Alexander Gode, o grande arquitecto da interlíngua, escrevia nos anos 60 do século passado as suas famosas «Cinco Teses a Pregar nas Portas de Babel» («Five Theses to Hammer on the Gates of Babel», International Language Review, no. 29-30, octobre 1962-martio 1963 // Cinque theses a clavar ad le portas de Babel), um ensaio filosófico sobre o labirinto das línguas e o papel da interlíngua na comunicação humana e mundial.

Mais recentemente, em 2005, «Le Oculo Interlinguistic» terá recebido uma carta que, a fazer fé no autor do sítio, teria vindo de um leitor português a desempenhar funções na UE, em Bruxelas. É essa carta, glosando as famosas teses de Gode, que aqui se transcreve (com pequenas correcções) e se traduz para interlíngua.
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Recebemos uma carta de um leitor de Bruxelas, que deseja permanecer anónimo, e que excepcionalmente vamos publicar.

ALGUNS TERRORISTAS INTERLINGUISTAS
Caro Oculo, sou um (vosso) fiel leitor transferido há pouco tempo para Bruxelas, onde trabalho na EU (não posso revelar o meu nome, porque quando vim para cá, o bravo italiano que eu substituí, disse-me: «lembra-te de que estás aqui, como todos nós, para BARRAR o caminho às ideias simples e boas e, sobretudo, para que não sejam custosas. Pode dizer-se que te escolhemos porque tens algo de BARRANTE em ti, uh, uh (ele é muito engraçado) mas ninguém pode saber isso»). O trabalho é penoso, mas eu estaria contente se não tivesse ocorrido um facto lamentável: ontem à noite alguns terroristas interlinguistas aproximaram-se do meu gabinete com um martelo na mão e alguns cartazes debaixo do braço. Obviamente que o serviço de segurança agiu logo, embora eles tenham dito que os cartazes eram apenas cinco teses para pregar nas portas de Babel. Deveríamos admitir que a tarefa era justa (com 20 línguas, a publicação de apenas o aviso «é proibido mijar fora do penico» [nos cinzeiros] leva um mês a ser feita e (custa) um milhão de euros, mas a seguir eu próprio agarrei nos cartazes, tendo-os examinado de seguida. Era claramente material de propaganda subversiva, que falava de uma misteriosa língua-ponte que poderia ser compreendida sem estudo pela maioria dos cidadãos europeus, e com pouco estudo para os outros. Naturalmente, escondi os cartazes, porque — vocês não vão acreditar — há vários cidadãos crédulos que podem ser confundidos por estas fábulas para estúpidos. Na sua opinião, acha que fiz bem?

PS Um destes charlatães, o mais velho, chama-se – creio – «Gaude» ou «Gode», ou qualquer coisa assim. Se ele tem com que se regozijar, na verdade não sei.
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Nos recipeva ab un lector de Bruxelles, qui vole restar anonyme, un littera que nos exceptionalmente va pubblicar.

ALICUN TERRORISTAS INTERLINGUISTIC...
Car Oculo, io es un fidel lector portugese desde pauc tempore transplantate a Bruxelles, ubi io travalia in le Union Europee (io non pote revelar mi nomine, quia quando io veniva hic le italiano prode que io substitueva me ha dicite: «recorda, tu es hic como tote nos pro BARRAR le strata al ideas bon, simple e super toto incostose. On pote dicer que nos te seligeva quia tu ha aliquid de BARRANTE in te, uh uh, (ille es multo facete) ma nemo pote saper lo.»). Le labor es fatigante, ma io esserea gaudiose si non succedeva un facto regrettabile: heri vespera alicun terroristas interlinguistic se approximava a mi bureau con un martello in mano e alcun tabellas sub le brachio. Obviemente, le servicio de securitate ha intervenite subito, ma illes diceva que iste tabellas esseva solmente cinque theses a clavar ad le portas de Babel. Nos debeva admitter que le posto esseva juste (con 20 linguas la publication anque solo del aviso «il es prohibite de urinar in le cinerieros» prende un mense e un million de euros), ma pois io faceva sequestrar le mesme tabellas, e postea io los examinava. Il esseva clarmente material de propaganda subversive, que parla de un mysteriose lingua-ponte que poterea esser comprendite sin studio per le major parte del citatanos europee, e con pauc studio per le alteres. Naturalmente io secretava le tabellas, quia – vos non lo credera – il es plure citatanos credule que pote esser turbate per iste fabulas pro stupides. Esque vos opina, faceva io bon?
P.S. Un de iste charlatans, le plus vetule, se appella – io crede – «Gaude», «Gode» o similar. Que ille ha que gauder, io vermente non sape.

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